De uma semana para cá tenho ouvido tanto falar em morte, e infelizmente não só ouvido, mas vivenciado uma em minha família. Minha tia, irmã da minha avó faleceu nessa última terça-feira, e foi tudo tão rápido que já faz quase uma semana. Não posso dizer que a vida é injusta, porque temos prazo de validade, e quando chega a nossa hora, nada podemos fazer. É como diz o antigo ditado: “ Para tudo tem jeito, menos para a morte”.
A morte é algo que sempre está presente em nossa rotina, mas a ignoramos, porque ela traz saudades e a saudades traz muita dor para os nossos corações. Por mais que saibamos que temos Deus para nos confortar, nosso coração de carne se aperta e os olhos se enchem de lágrima ao lembrar da pessoa tão querida que não vamos poder ver mais, não por causa da distância, porque para isso, como o próprio ditado acima disse, tem jeito, mas porque ela não possui mais o fôlego de vida para poder sorrir, para poder andar e nem para poder te olhar.
Foi tudo tão rápido e tão corrido essa semana, nessa loucura que é a selva de pedras, que nem pude expressar tudo o que eu sentia pela minha tia. Uma pessoa de coração enorme, sem tamanho, que se eu sou alguma coisa hoje, foi e está sendo graças a generosidade dessa mulher.
Às vezes sentimos que somos frios, que não choramos ou expressamos nossos sentimentos como devíamos. Porque essa louca rotina que nos cerca, não permite muitas vezes que deixemos os nossos sentimentos se expressarem, pois não temos tempo para isso.
Chorei a perda da minha tia, mas sinto que não chorei o suficiente pela importância que ela tinha para mim. Às vezes optamos por tentar não lembrar da pessoa, para evitar o sofrimento. Mas nessa vida, o sofrimento é inevitável.
Não a via todos os dias, e lembro que a última vez que a vi no hospital foi quando ela ainda estava no quarto, mas estava lúcida.
A lembrança que eu tenho dela antes de ir para o hospital foi a de encontrá-la super cedo em um dia frio, na esquina da minha casa, no mês passado. Isso é o que me conforta, que ela não parava! Com certeza aproveitou a vida até os 80 anos.
Foi tudo tão rápido que parece que nem deu tempo ainda para “cair a ficha”. Ela era especial para mim, tinha até um apelido, a “tia Lala”. Lembro que eu sempre dizia que eu puxei ela, super “bate-perna”, simplesmente não parava em casa!
Duas amigas dela, que eu não conhecia, disseram para mim no velório que ela falava muito de mim e da minha mãe, o que me deixou com uma alegria enorme!
Sei que tenho dificuldades em expressar meus sentimentos, mas só posso dizer que sinto bastante a falta dela. Sei também que nesse lugar terrível em que vivemos, onde o tempo nos sufoca, onde um dia não é suficiente para cumprirmos pelo menos com as nossas prioridades, não dá para visitar todas as pessoas que amamos e admiramos. Mas dá para pensar nelas e saber que onde quer que elas estejam, estão cumprindo a sua missão.
Mas quando nos deparamos com a morte, aí tudo fica muito mais complicado, pois não vamos mais poder dizer o que queríamos para a pessoa. Muitas vezes um “eu te amo” entalado, ou mesmo um “oi, como está sendo a sua semana?”. E passamos despercebidos por outras vidas, olhando só para o nosso umbigo.
Sei que não passei despercebido pela minha tia, que a via sempre. Não com a freqüência que eu queria, mas a via. E tenho certeza que ela ficou feliz porque agora eu sou realizada profissionalmente. Não exatamente profissionalmente, mas nas carreira que eu escolhi.
Ontem passei em frente a casa das minhas tias e olhei para cima, vi a janela vazia. Ela quase sempre ficava lá quando estava em casa. Mas o que me deixa mais feliz é que ela não observou a vida pela janela, mas ela viveu a vida!
Quero aqui deixar a minha homenagem para a minha tia, que sempre me apoiou em todas as minhas decisões. E que nunca negou nada para mim. Tia, você é muito especial e com certeza nos encontraremos no céu... Te amo para sempre!!
Corinthians vai a final da Libertades
Há 12 anos